sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

DESABAFO

OLÁ MEU QUERIDO BLOG...QUE SAUDADEEEEEEEEEEEE GIGANTE.
Nossa, quase um ano sem vir aqui. Também ando enloquecida (como sempre), mas agora as coisas vão dar uma melhorada, 2013 será O ANO das grandes mudanças, projetos e realidade.
Perdi a senha daqui e foi uma novela, esqueci a senha, a dica da senha, o e-mail que seria suporte...kkkkkk. Na tentativa de recuperação lembrei do cadastro de um numero de celular antigo que nao uso ha séculos, enfim, comprei chip virgem, cadasrei o antigo numero, enrei no e-mail suporte, pedi o código que foi enviado pro celular e olha eu aqui...rsrsrs
Dica: use senhas fáceis. rsrsrs
Pra não perder mais (prometo) o costume, vim registrar um texto da semana passada.
Um DESABAFO.
ESPERO QUE GOSTEM E COMENTEM A VONTADE.
XEROOOOOOOOOOOOO

DESABAFO

Existem situações em que a única sensação que persiste é impotência, você pode até saber a resposta, mas você não pode falar, gritar, mostrar, hoje estou chateada, preciso desabafar.

Ver alguém numa situação de poder julgando algo que pensa conhecer é muito INJUSTO e sentir que você não vai mudar nada neste caso é triste demais.

Sempre achei muita diferença entre a teoria e a prática, esta minha convicção só vem se tornando mais consistente a cada dia vivido. Hoje senti na pele uma sensação horrível de injustiça, de como um detalhe para um, pode mudar a vida de outro. JULGAR é algo tão sério, tão importante, tão complicado que deveria ser uma tarefa o mais minuciosa, detalhada e exaustivamente esclarecedora possível para que chegássemos ao mais aproximado da justiça real.

E vi um agricultor, analfabeto de pai e mãe (como dizia meu avô), ser ironicamente descaracterizado de sua profissão por ter estado fora de sua atividade, sua família, sua terra durante um período curto, mas que fez a diferença quando chegou diante das regras implacáveis da nossa Previdência Social, denominada como “assistencial”. O período em que este agricultor esteve em São Paulo trabalhando com carteira assinada de servente de obras foi durante os anos de 1993 e 1994, para qualquer nordestino pobre e agricultor, esta data logo chamaria atenção.

Quando ouvi a data um filme passou em minha mente instantaneamente: pai, mãe, irmão e até o cachorro, em cima de um caminhão, deixando nossa família, nosso sítio, em direção a Brasília, três dias nas estradas e ao chegarmos meu pai indo trabalhar nas obras, como servente, exatamente como aquele senhor ali em minha frente. Durante aqueles anos, poucos agricultores permaneceram em suas terras, a grande maioria partiu, para não verem seus filhos passando fome, foram anos de seca, criações como gado e ovelhas morreram, riachos e até rios secaram. Mas este é um detalhe sem importância diante da regra de que perde a qualidade de agricultor aquele que se ausentar desta.

Ao agricultor que parte na intenção de trabalhar e sustentar a família num momento emergencial e que logo retorna obviamente assim que a chuva bate no chão, como prova seus vínculos curtos na CTPS, resta a IMPROCEDENCIA no pedido de aposentadoria, resta a mão pesada da justiça em suas cabeças, afirmando: NÃO terás uma velhice tranqüila e de descanso merecido depois de uma vida de sofrimento e penar.

Não consigo em nenhuma hipótese aceitar que alguém que estudou o suposto perfil do agricultor, que sabe as letras das leis tão implacáveis dos homens tenha o verdadeiro poder de julgar de forma JUSTA e CORRETA alguém que vem de uma realidade que este não conhece. Não sem CONHECER as coisas daqui da roça, sem saber o que é esperar por chuva pra sobreviver, nem tão pouco receber esmola do Governo porque não tem outra opção porque a cada dia as obras do “sul” pedem mais e mais capacitação.

Quem nunca passou por uma roça e sentiu o cheiro de carvão depois de uma queimada, quem não sentiu o sabor de uma melancia partida na roça acompanhada de cheiro de terra molhada, quem não sabe o que significa os dialetos característicos da vida na roça, não deveria JAMAIS ter esse poder em suas mãos.

A cada ano vejo uma “debandada” dos homens da roça para as Usinas de corte de cana de açúcar no interior de São Paulo, comunidades completas ficam sem nenhum de seus pais de família em casa durante toda a safra de cana, assim percebo que a cada dia essas cenas lamentáveis irão acontecer com mais freqüência. E o que fazer diante de um ano como 2012? Quando estamos diante de uma das piores secas dos últimos 30 anos? Particularmente é inevitável imaginar uma sentença improcedente exatamente igual a que vi hoje, devidamente argumentada em leis que ditam as normas.

Não vou mudar de opinião, não depois de todas as experiências vivenciadas “aqui”, hoje fui fazer caminhada e o cenário é extremamente triste, os barreiros estão secos mas visivelmente limpos, varridos, prontos pra acolher a água caída do céu, lembrei de outro dia marcante em minha vida, ainda quando era bem garota, “a professorinha”, e como fiquei preocupada depois de chegar na sala de aula e perceber que toda a turma não apareceu porque tinha acontecido trovoada na noite anterior (perdão, trovoada é chuva de inicio de inverno).

Saí de casa em casa e percebi que todas as crianças estavam nas roças ajudando os pais, desde os de apenas sete anos de idade aos de treze, fiquei louca dando sermões e explicando que não podíamos perpetuar o analfabetismo, de como a educação pode mudar vidas.

Alfabetizei na adolescência muitas crianças e há poucos anos atrás os agricultores adultos. Acompanhei a troca da identidade que tinha a digital pela que estava sendo assinada, algumas apenas desenhos de letras formando um nome, mas as mãos envelhecidas e trêmulas somado ao sorriso e brilho no olhar naquele ato, são marcantes.

Sou apaixonada pela “roça”, oito anos dentro do sindicato dos trabalhadores rurais só me fizeram bem, me ensinaram tantas coisas maravilhosas para a vida, principalmente a se colocar no lugar do outro. Quando estamos sendo servidos é tão fácil sermos exigentes e arrogantes, mas quando precisamos servir automaticamente queremos compreensão dos que estão em nossa frente. É muito importante “trocarmos de lugar” as vezes, nem que seja em pensamento, isso nos torna seres melhores em todas as áreas da vida.

Sim sinto-me doutora no assunto, especializada, mestra... tenho “autoridade” pra argumentar mas não tenho autorização. E o que me conforta é saber que isso é momentâneo.

E me vem uma lágrima nos olhos ao lembrar do pobre senhor que viajou durante a seca e trabalhou na cidade e junto a essa lembrança vieram tantas outras decisões terrivelmente injustas que me fazem repensar na profissão mesclando desejos de encarar cada dia mais essa guerra ou de abandonar...

Mas a palavra abandonar não combina comigo, principalmente abandonar quem já nasce, cresce e morre abandonado.

Estou triste hoje.

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Não gosto de definições, afinal, sou um ser em metamorfose, o que amo hoje, posso estar detestando (jamais odiando) amanhã. Porque mudar faz parte da evolução.

Pisciana Sonhadora 2008 © Blog Design 'Felicidade' por EMPORIUM DIGITAL 2008 | Editado por Tony - Diretor de Arte

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