quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Texto maravilhoso, com certeza, vale a pena divulgar.

Oie amores.
Vivo reclamando que chamam a "merda" que faz "sucesso" hoje em dia de forró, né?
É durezaaaaaaaaa ter que ouvir, alguns dá até vontade de chorar.
Então, hoje recebi um e-mail com um texto maravilhoso que retrata perfeitamente o que sinto ao ouvir essa "bagaceira" que arrasta multidões por ai.
Aproveitem os textos e lembrem-se:
Dentro na nossa casa, só entra a música e a educação que permitimos. Faça uma construção sobre a rocha, porque se vier um vento forte de fora, ela não irá se abalar.
Xerooooooooooo carinhoso.
O texto é de: Anselmo Alves , jornalista, cineasta, sertanejo de Serra Talhada, com larga compreensão do Nordeste.
"Nos últimos dez anos tenho viajado freqüentemente pelo sertão de Pernambuco, e assistido, não sem revolta, a um processo cruel de desconstrução da cultura sertaneja com a conivência da maioria das prefeituras e rádios do interior. Em todos os espaços de convivência, praças, bares, e na quase maioria dos shows, o que se escuta é música de péssima qualidade que, não raro, desqualifica e coisifica a mulher e embrutece o homem.
O que adianta as campanhas bem intencionadas do governo federal contra o alcoolismo e a prostituição infantil, quando a população canta “beber, cair e levantar”, ou “dinheiro na mão e calcinha no chão” ?
O que adianta o governo estadual criar novas delegacias da mulher se elas próprias também cantam e rebolam ao som de letras que incitam à violência sexual? O que dizer de homens que se divertem cantando “vou soltar uma bomba no cabaré e vai ser pedaço de puta pra todo lado” ? Será que são esses trogloditas que chegam em casa, depois de beber, cair e levantar, e surram suas mulheres e abusam de suas filhas e enteadas?
Por onde andam as mulheres que fizeram o movimento feminista, tão atuante nos anos 70 e 80, que não reagem contra essa onda musical grosseira e violenta? Se fazem alguma coisa, tem sido de forma muito discreta, pois leio os três jornais de maior circulação no estado todos os dias, e nada encontro que questione tamanha barbárie. E boa parte dos meios de comunicação são coniventes, pois existe muito dinheiro e interesses envolvidos na disseminação dessas músicas de baixa qualidade.
E não pensem que essa avalanche de mediocridade atinge apenas os menos favorecidos da base de nossa pirâmide social, e com menor grau de instrução escolar. Cansei de ver (e ouvir) jovens que estacionam onde bem entendem, escancaram a mala de seus carros exibindo, como pavões emplumados, seus moderníssimos equipamentos de som e vídeo na execução exageradamente alta dos cds e dvds dessas bandas que se dizem de forró eletrônico.
O que fazem os promotores de justiça, juízes, delegados que não coíbem, dentro de suas áreas de atuação, esses abusos?
Quando Luiz Gonzaga e seus grandes parceiros, Humberto Teixeira e Zé Dantas criaram o forró, não imaginavam que depois de suas mortes essas bandas que hoje se multiplicam pelo Brasil praticassem um estelionato poético ao usarem o nome forró para a música que fazem. O que esses conjuntos musicais praticam não é forro! O forró é inspirado na matriz poética do sertanejo; eles se inspiram numa matriz sexual chula! O forró é uma dança alegre e sensual; eles exibem uma coreografia explicitamente sexual! O forró é um gênero musical que agrega vários ritmos como o xote, o baião, o xaxado; eles criaram uma única pancada musical que, em absoluto, não corresponde aos ritmos do forró! E se apresentam como bandas de “forró eletrônico”! Na verdade, Elba Ramalho e o próprio Gonzaga já faziam o verdadeiro forró eletrônico, de qualidade, nos anos 80.
Em contrapartida, o movimento do forró pé-de-serra deixa a desejar na produção de um forró de qualidade. Na maioria das vezes as letras são pouco criativas; tornaram-se reféns de uma mesma temática! Os arranjos executados são parecidos! Pouco se pesquisa no valioso e grande arquivo gonzaguiano. A qualidade técnica e visual da maioria dos cds e dvds também deixa a desejar, e falta uma produção mais cuidadosa para as apresentações em geral.
Da dança da garrafa de Carla Perez até os dias de hoje formou-se uma geração que se acostumou com o lixo musical!Não, meus amigos: não é conservadorismo, nem saudosismo!
Mas não é possível o novo sem os alicerces do velho! Que o digam Chico Science e o Cordel do Fogo Encantado que, inspirados nas nossas matrizes musicais, criaram um novo som para o mundo! Não é possível qualidade de vida plena com mediocridade cultural, intolerância, incitamento à violência sexual e ao alcoolismo!
Mas, felizmente, há exemplos que podem ser seguidos. A Prefeitura do Recife tem conseguindo realizar um São João e outras festas de nosso calendário cultural com uma boa curadoria musical e retorno excelente de público. A Fundarpe tem demonstrado a mesma boa vontade ao priorizar projetos de qualidade e relevância cultural.Escrevendo essas linhas, recordo minha infância em Serra Talhada , ouvindo o maestro Moacir Santos e meu querido tio Edésio em seus encontros musicais, cada um com o seu sax, em verdadeiros diálogos poéticos! Hoje são estrelas no céu do Pajeú das Flores! Eu quero o meu sertão de volta!"

3 comentários:

Raquel disse...

eita que postagem!!!!amei isso é a mais pura e dura verdade...
concordo plenamente. mas.........infelismente!!! nosso país em cultura deixa muito a desjar, muuuuuuuito mesmo...:(

LenInha disse...

Raquel:

Quem é você?
Gostaria de conhecer.

Xeroooooooo.

Unknown disse...

Amigaaaa,

Sabe que o que vc disse que só entra em nossa casa o que queremos é a mais pura verdade?

Minhas sobrinhas não fazem idéia do que seja nada disso... elas só escutam cantigas de roda ou educativas, onde ensina a contar,a ter educação, assim como só assistem Discovery Kids... Acho até que Laura aprendeu a falar 'kidx' antes de Tia Rê... rs

Sou completamente contra músicas apelativas, justamente por diminuírem o valor da mulher, da família, da moral e da ética...

Já falei e repito... axé, no máximo Ivete pq canta música romântica e forró, no máximo limão com mel, mas mesmo assim só românticas...

Não vejo motivo de vulgarizar as pessoas, as danças, as relações... não vejo motivo para vulgarizar as pessoas... não existe mais respeito... as crianças não sabem dar bom dia e nem fazem idéia do que sejam as 'palavras mágicas'... pra ser sincera poucos adultos sabem...

O nicho dessas bandas é o nordeste e as mulheres nordestinas ainda estão aprisionadas, em sua maioria (evitar a generalização) aos pensamentos tacanhos e arraigados de que tudo isso é normal... são mulheres permissivas pq aprenderam que deveriam ser assim... então geram descendentes com o mesmo tipo de pensamento...

É uma lástima... gostaria de ver a valorização da mulher de forma real e plena... a valorização da ética e do bom gosto, do respeito e da família...

Odeio vulgaridade... odeio quem não se respeita... como disse um amigo meu ontem: hoje em dia fazer filme pornô é o novo 'nu artistico'...

Vamos educar nossos filhos mesmo que sejamos vozes destoantes...

Texto lindo...

Beijos

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Não gosto de definições, afinal, sou um ser em metamorfose, o que amo hoje, posso estar detestando (jamais odiando) amanhã. Porque mudar faz parte da evolução.

Pisciana Sonhadora 2008 © Blog Design 'Felicidade' por EMPORIUM DIGITAL 2008 | Editado por Tony - Diretor de Arte

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